Baal, pl. Baalim, em hebraico antigo, é um título e pronome de tratamento equivalente ao português “senhor”, ao inglês “mister”, ao alemão “Herr”, etc. Como substantivo e adjetivo, é equivalente aos vocábulos “senhor” no sentido de “dono”, podendo também significar “marido”, “patrão” e “chefe.”
Nos panteões e mitos das regiões semíticas na antiguidade, passou a ser título e pronome de tratamento respeitoso para se dirigir às deidades masculinas, e particularmente ao príncipe delas, cujo nome e identidade poderiam variar conforme a tribo daquelas regiões.
Não raro, muitos dos lugares em que os baalins eram cultuados acabavam levando seus nomes, como Baal-Salisa.
Segundo o mito semítico mais comum, o Baal mais famoso – ou infame, por ser o que costuma ser criticado e demonizado nas Escrituras judaico e cristã – é o príncipe dos deuses do panteão cananeu, filho de Él e Aserá, marido de Astarte, e senhor da fecundidade, da guerra, das chuvas, das montanhas, e cujo epíteto era “o que vai montado sobre as nuvens.” Curiosamente, e provavelmente na intenção de desmerecer e menosprezar os cultos rivais, esse epíteto foi adotado pelos hebreus para se referir a Jeová, como pode ser observado em Salmos 68:4.
Fala-se “mito mais comum” pois o paganismo antigo não possuía estrutura dogmática rígida ou texto sagrado de caráter universal (como faziam os abraâmicos) para cristalizar doutrinariamente as versões definitivas de seus mitos e os atributos de suas divindades. Desta maneira, não era incomum (e tampouco errado) encontrar o rei dos deuses descrito como marido de Astarte e deidade pluvial numa localidade, e noutra como deidade solar e marido de Aserá.
Por isso, provavelmente, a preferência dos escribas pelo título Baal nas Escrituras judaico-cristãs ao invés dos nomes próprios de cada Baal para se referir aos deuses pagãos deu-se não só pela proibição mosaica de pronunciar os nomes das deidades gentias, como também um recurso conveniente para generalizar a todos como ídolos impotentes e inanimados. Para contrastá-los com Jeová, inclusive, foi-se preterido o título “Baal” em prol de um mais exclusivo e singular: Adonai, que em hebraico quer dizer “Senhor Supremo” ou “Soberano.”
Dentre os vários nomes que os príncipes dos baalins possuíam conforme as regiões, incluem Baal Hadade entre os amorreus, Baal Zéfon entre os cananeus, Baal Peor entre os israelitas, e Baal Hámon entre os cartaginenses. Para ilustrar o que foi dito acima sobre a maleabilidade doutrinária do paganismo, Hadade era, comumente, um deus da chuva, cultuado em bosques e ribeiros; Zéfon, um deus das montanhas, cultuado em outeiros e morros; Peor, um deus do fogo e da fecundidade, cultuado no alto do Monte Peor com orgias e prostituição sagrada; e Hámon, um sincretismo com o deus egípcio Ámon, um deus do sol e da natureza, representado como um arietino (criatura com cabeça ou feições de carneiro), e cultuado num templo em Cartago supostamente com infanticídio ritualístico (apesar desse fato ser ainda disputado).